segunda-feira, 6 de abril de 2009
Relicário da Rainha D. Leonor
Mestre João (Johan Van Stay)
Portugal, c. 1510-1525
Ouro, esmeraldas, rubis, diamante, pérola, esmaltes polícromos e cristal de rocha
Inscrição: MISERCORDIE.TVE.TVE.MORTIS.GRAVISSIME.DULCISSIME.DOMINE.IESV.XPE.
RESPLENDOR.PATRIS.CONCEDE.NOBIS.FAMYLIS.TVIS
Prov. Mosteiro da Madre de Deus, Lisboa
Inv. 106 OUR
O relicário da rainha D. Leonor (1458-1525), como é vulgarmente conhecido, é uma peça excepcional a todos os títulos: riqueza dos materiais, qualidade de execução, elegância do desenho e significado histórico da encomenda régia, para além, naturalmente, do seu valor religioso e simbólico. Este relicário terá sido objecto de devoção especial da Rainha, figurando no seu testamento nestes termos: “Deixo ao dito moesteiro da Madre de Deus o Relicario que fez mestre Joam, em que esta o Santo Lenho da Vera Cruz, que ora anda na cruz d'ouro pequena, o Espinho da Coroa de N. Senhor Jesu Christo ..., o qual relicario he todo de ouro guarnecido de certas pedras finas que estao dentro...”.
O testamento nomeia como seu autor mestre João, um dos muitos ourives estrangeiros que trabalhavam em Lisboa, de origem alemã ou flamenga e que assinava Johan Van Sta(n)y, também ele autor de uma custódia (infelizmente desaparecida) encomendada por D. Manuel I para o Mosteiro da Conceição de Beja.
O relicário, datável do 1º quartel do século XVI, em ouro esmaltado, gemas preciosas e pérolas, tem a forma de um templete renascentista e obedece a um esquema rigoroso de equilíbrio e proporção. Na parede do fundo, sobre um pequeno altar, abre-se um nicho destinado à relíquia do Espinho da Coroa de Cristo. Outros elementos decorativos ou simbólicos surgem nesta visão frontal do relicário: as gemas preciosas e uma pequenina Cruz de ouro contendo um fragmento do Santo Lenho, os dois escudetes com o Camaroeiro - emblema da Rainha - na base das colunas, e o seu Escudo de Armas, na arquivolta superior. É, de facto, uma obra-prima, tanto da colecção do museu como da ourivesaria em Portugal.
Contemporâneo das obras ditas manuelinas, o relicário, tal como a Custódia de Belém, reproduz uma requintada miniatura arquitectónica da mais pura expressão clássica, introduzindo-nos, deste modo, numa estética diametralmente oposta à do gótico final e exemplificando, assim, a coexistência numa mesma época de tendências artísticas aparentemente contraditórias.
fonte: http://www.e-cultura.pt/DestaquesDisplay.aspx?ID=1072
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