terça-feira, 18 de setembro de 2012

2012 Setembro 18 - Dutra Leilões


8. Salva de prata com borda repuxada e cinzelada, recortada com concheados; centro gravado com friso floral; sobre três pés estilizados; no plano marcas de contraste de prata, de ensaiador de Guimarães não identificado, G-3, que aparece frequentemente sem marcas de ourives, segundo Inventário de Marcas de Pratas Portuguesas e Brasileiras, de Fernando Moitinho de Almeida; 20 cm de diâmetro e 270 g. Portugal, séc. XVIII.

 
15. Princesa Imperial D. Isabel
Par de brincos de ouro emoldurando retrato oval a cores sobre porcelana, da Princesa Isabel nos seus quinze anos, medindo a pintura 10 x 13 mm. Brasil, séc. XIX.

Este par de brincos foi presenteado pela Princesa Isabel, quando dos festejos de seus quinze anos, a Baronesa do Serro Azul, Maria Jose Correia, casada com seu primo-irmão, Barão do Serro Azul, o comerciante e poeta paranaense Ildefonso Pereira Correia (1848 - 1894). Os brincos pertenceram a Doris Bandeler, residente em Poços de Caldas, bisneta da Baronesa.
 
 
24. Salva de apresentação de prata de lei repuxada e cinzelada em todo plano com elementos florais e arabescos; ao centro medalhão com flores e um pelicano; borda ondeada; marcas de contraste da prata, de ensaiador de Lisboa não identificado, datável do fim do séc. XVII - c.1720, L-19 e L-253, segundo Inventário de Marcas de Pratas Portuguesas e Brasileiras, por Fernando Moitinho de Almeida; 40 cm de diâmetro e 730 gr. Portugal, séc. XVII / XVIII.
 
 
28. Custódia e cálice purificatório de prata lisa e repuxada, com sinos de penitência pendurados; parte superior com ostensório cinzelado com insígnias papais com a tríplice coroa e as chaves de São Pedro, alem de medalhão com sua lúnula envidraçado e ladeado por colunatas encimadas por cúpula e cruz; base campânular, sob fuste bojudo, onde se encontra contraste da prata, de ensaiador de Braga não identificado, atribuível a primeira metade do séc. XVIII e marca do ourives de Braga Francisco Coelho Veloso, registrada em 1750, parcialmente legíveis, segundo Inventário de Marcas de Pratas Portuguesas e Brasileiras, por Fernando Moitinho de Almeida, B-2 e B-31; 61 cm de altura e 2.920 kg. Portugal, séc. XVIII.
Consta ter pertencido a Sé de Braga. As insígnias Papais com a tríplice coroa e as chaves de São Pedro são elementos de decoração indicativos de ser uma peça para utilização em Sés ou Basílicas.
 
 
31 Farinheira de prata de lei repuxada e cinzelada, no corpo decoração em relevos de arabescos, elementos fitomórficos e pássaros, da época da ocupação espanhola em Portugal, pelos reis Felipes; sem marcas de identificação aparentes; 17 cm de diâmetro e 160 g. Portugal, séc. XVIII.
Apresenta um fino e delicado cinzelado, tendo, na parte principal, a águia bicéfala coroada com emblema dos Habsburgos que, aquela época, reinavam na Espanha.
 
40 Resplendor circular de prata de lei repuxada e cinzelada; do círculo central saem raios intercalados por reservas com símbolos religiosos católicos; em uma das volutas que guarnece a aba de contornos irregulares a letra F, provavelmente parte de um contraste da cidade do Porto, usada no decorrer do séc. XVIII; 42 cm de diâmetro e 1.185 kg. Portugal, séc. XVIII.
 
46 Crucifixo central de bancada, de prata de lei repuxada e cinzelada; base tripode, terminada em pés de garras, com rica decoração em relevos de cabeças de anjos e Coroa do Reino de Portugal; fuste de segmentos e anelados, sustentando a cruz com ponteiras e adereços seguindo padrões de decoração do estilo e época; na base da cruz marca de contraste da prata de ensaiador de Coimbra não identificado, datável do séc. XVII - princípio do séc. XVIII e na base, junto a um dos pés, marca C-8 de ourives de Coimbra não identificado e conhecida com contraste C-2, datável de fim do séc. XVII - princípio do séc. XVIII, segundo Inventário de Marcas de Pratas Portuguesas e Brasileiras, por Fernando Moitinho de Almeida; 116 cm de altura e 7.470 kg. Portugal, séc. XVII / XVIII. 
 
48 Salva de apresentação de prata de lei repuxada e cinzelada, formato circular com borda de contornos irregulares decorada com carrancas separadas por elementos fitomórficos. Plano decorado com quatro mascarões envoltos por decoração floral e animais fantásticos em relevos; no centro reserva com figura de guerreira empunhando lança e castelo ao fundo; sem marcas de identificação aparentes; 48 cm de diâmetro e 1.510 kg. Portugal, séc. XVII.
Salva idêntica encontra-se na coleção de Maria Isabel de Mello Falcão Tigroso, em Lisboa, reproduzida à página 207 do livro Ourivesaria Portuguesa em Coleções Particulares de Reynaldo dos Santos.
 
51 Grande bule para café de prata de lei lisa repuxada e cinzelada; corpo balaustre, cinzelado com gomados, flores e perolados; pescoço estreito, bico recurvo com delicado e elegante aplicação de perolados e alça de madeira; tampa cônica rematada por pega em botão floral; base circular, almofadada e perolada, onde se encontram marcas de contraste da prata, atribuível a juiz do ofício não identificado, do Porto, para marcar a obra do ensaiador João Coelho Sampaio, usada entre 1768 - c. 1784 e marca de ourives do Porto João Coelho Sampaio, conhecida com contraste P-12, bem como marca de toque P-91, datável de 1768 - c. 1784, conforme Inventário de Marcas e Pratas Portuguesas e Brasileiras, por Fernando Moitinho de Almeida, P-12 e P-221; 50 cm de altura e 2.635 kg. total. Portugal, séc. XVIII.
Esta peça pertenceu à Família Real Portuguesa, que a trouxe para o Brasil em sua mudança. Posteriormente o Imperador D. Pedro I deu-a de presente para a Marquesa de Santos. Em seguida, fez parte do acervo do Conselheiro Barão de Ramalho, em São Paulo.
 
56 Princesa Dona Leopoldina - Duquesa de Saxe
Par de pratos de porcelana alemã, borda ondulada, aba decorada com folhas estilizadas unidas umas as outras em rosa; no centro da caldeira o monograma A entre dois C invertidos e entrelaçados sob coroa Imperial, pertencente a Augusto Saxe Coburgo - Duque de Saxe; no reverso a marca Porzellan Fabrik / Aich bei Carlsbad. 18 cm de diâmetro. Um dos pratos apresenta discreto bicado na borda. Bohemia, séc. XIX. Dona Leopoldina era filha de D. Pedro II, irmã da Princesa Isabel. Casou-se com o Duque de Saxe.
 
 78 D. Pedro II
Par de placas de prata repuxada e cinzelada, apresentando no centro, sobre medalhão ovalado, as iniciais P II, em cobre, ladeado por duas fênix e bandeiras como tenentes, e encimado por coroa real; sem marcas de identificações aparentes. 34 x 23 cm cada; 750g, total. Brasil, séc. XIX. Pertenciam a decoração do Paço Imperial.
 
 
80 Contrato de casamento de D. Pedro II com a Imperatriz D. Teresa Cristina em 1843; 34 x 23,5 cm, por nós traduzido, como segue abaixo: Hoje, 30 de maio de 1843 na Real Capela Palatina, S.A.R. a Princesa Teresa Cristina Maria Germana e sua Majestade o Rei das Duas Sicilias Ferdinando II, filho de S. M. o Rei Francisco I de gloriosa recordação e de S. M. a Rainha Maria Isabel , foi unida em matrimonio, segundo o rito da Santa Igreja Católica e Apostólica, como beneplácito de S. M. o Rei e consentimento de S. M. a Rainha Mãe - com S. M. o Imperador do Brasil Pedro II, filho do falecido Imperador D. Pedro I e da falecida Imperatriz Maria Leopoldina, Arquiduquesa da Áustria; Por intermédio pessoal de S. A. R. o Príncipe Leopoldo - Conde de Siracusa, munido de especial e solene procuração; do Monsenhor Pietro Naselli Capelão Mor Real. Tendo como testemunha o Comendador Francisco Alexandre Carneiro Leão - Embaixador de S. M. do Brasil, o Marquês de Pietracatella - Presidente interino do Conselho de Ministros, o Príncipe da Sicilia - Duque de Santa Cristina Ministro de Estado encarregado dos documentos e o Cavaleiro Nicola Parisio - Ministro de Estado da Justiça; na presença de S.M. o Rei e da Rainha do Reino das Duas Sicilias, da S. M. a Rainha Mãe, de S. A. R. a Condessa de Siracusa, do Príncipe e da Princesa de Salermo, do Corpo Diplomático, dos Ministros de Estado, do Conselho de Estado da Justiça, do Corpo Municipal da Cidade de Nápoles e de cavalheiros e damas. Assinam: Ferdinando II - Rei - Fernando Maria de Bourbon (1810 - 1859) Maria Isabel - Rainha - Maria Isabel da Áustria (1816 - 1867) Maria Teresa - Rainha Mãe - Maria Teresa de Bourbon (1789 - 1848) Teresa Cristina - futura Imperatriz Maria Victoria Luigi Filiberti - Condessa de Siracusa Leopoldo de Bourbon - Príncipe de Salermo Maria Clementina - Princesa de Salermo Jose Alexandre Carneiro Leão - Visconde de São Salvador de Campos, Marquês de Pietracatella Príncipe da Sicilia - Duque de Santa Cristina - Ministro de Estado Cavaliere Nicola Parisio - Ministro da Justiça Monsenhor Pietro Naselli - Capelão Mor Selo de Ferdinando II - Reino das Duas Sicilias Autografo Príncipe da Sicilia - Duque de Santa Cristina.
Em abril de 2010 foi retirado de leilão, por nos realizado, atendendo recomendação do Ministério Publico Federal, para que se procedesse a suspensão do leilão do documento ate que fosse submetido a fiscalização do IPHAN ou do Arquivo Nacional. Em 29.05. do corrente ano, por entender não mais haver providencias a serem adotadas, deu ciência ao Arquivo Nacional, ao IPHAN e ao Leiloeiro Luiz Fernando Dutra, estar promovendo o arquivamento inquérito então iniciado em abril de 2010.
 

98 Punhal e sua bainha; o punhal com lâmina de metal prateado, com coroa do Império PI; cabo de marfim, bainha de couro preto e detalhes de ouro. 37 cm de comprimento. Brasil, séc. XIX.
 
 
 
203 D. João - Príncipe
Documento manuscrito pelo qual manda lançar o hábito dos Noviços da Ordem de Cristo a Francisco José Calmon Velasco Eca, assinado O Príncipe juntamente com a rubrica e as quinas, Rio de Janeiro, 02 de janeiro de 1811. 49 x 38,5 cm.
No verso selo seco da Ordem, registros e as assinaturas do Visconde de Villa Nova da Rainha, Visconde de Mage e do Mosenhor Miranda.
 
 
203A D. João VI
Documento manuscrito pelo qual manda lançar o hábito dos Noviços da Ordem de Cristo a Gonçalo Lourenço Pereira de Abreu, assinado El Rey juntamente com a rubrica e as quinas, Rio de Janeiro, 17 de outubro de 1817. 50,5 x 40 cm.
No verso selo seco da Ordem e as assinaturas do Visconde de Villa Nova da Rainha, Visconde de Magé e do Monsenhor Miranda.
 
 

sábado, 15 de setembro de 2012

Cadaval's silver toilete set - Detroit Institute of Arts (EUA)


Cadaval's silver toilete set

Creator
Etienne Pollet (French, active 1715 - 1751) and others
Date
1738/1739
Credit
Founders Society Purchase, Elizabeth Parke Firestone Collection of Early French Silver Fund
Provenance
Probably commissioned ca. 1738 by Jaime de Mello, 3rd Duke of Cadaval of Portugal, or by Louis of Lorraine, prince de Lambesc, whose daughter Henriette married the Duke of Cadaval in May 1739; by descent, the family of the Dukes of Cadaval, Lisbon (until 1931); Jacques Helft (dealer), Paris; purchased in 1952 by Elizabeth and Harvey Firestone, Jr. for the Detroit Institute of Arts.

“UMA OBRA OUTRORA DESCONHECIDA DE KARL BRULLOW VEIO OCUPAR UM LUGAR CONDIGNO NA GALERIA TRETIAKOV”



Karl Pavlovich Briullov (1799 – 1852)
View of the fort at the peak of the island of Madeira


1849-1850
Oil on canvas
65 x 77
As with other watercolor, landscapes Brullov type bezlyuden. He keeps epic proportions,
despite the relatively small size. Scenery executed in a reddish-brown color characteristic of the
later works of the artist. Painter temperament expressed through expressive and dynamic
brushstroke. Bryullov uses favorite romantics effect of double coverage, comparing
rozoveyuschee sunset sky and clouds.
State Tretyakov gallery, Russia

2004
“UMA OBRA OUTRORA DESCONHECIDA DE KARL BRULLOW VEIO OCUPAR UM LUGAR CONDIGNO NA GALERIA TRETIAKOV”

Galeria de Estado Tretiakov ficou enriquecida com uma obra-prima outrora desconhecida de Karl Brullow. O quadro “Uma Vista do Forte do Pico na Ilha da Madeira” veio ocupar um lugar condigno na exposição dessa pinacoteca. Essa tela ímpar foi adquirida por 225 mil euros com uma verba liberada pelo Fundo de Reserva da Presidência Federal da Rússia, tendo uma parte desse dinheiro sido oferecida pelo Ministério da Cultura. Nosso repórter Viktor Voronov assistiu à cerimónia de apresentação desse quadro.
Falando aos presentes, o director-geral da Galeria Tretiakov, Valentin Radionov, disse: - Até que enfim está concluída a surpreendente história deste quadro. Uma história ainda não registada nos anais da Galeria Tretiakov. História essa que contou com o apoio de muitas pessoas: desde um simples funcionário da nossa pinacoteca até o presidente da Federação da Rússia. Por toda a parte, em todos os níveis encontramos compreensão e a vontade de nos ajudar para que a tela retornasse para a terra pátria do grande pintor. O mais importante é que acaba de se consumar um fato histórico muito sério: uma obra até ultimamente desconhecida foi resgatada e voltou para a Galeria Tretiakov.
O quadro havia passado mais de 150 anos sem sair da ilha portuguesa da Madeira, onde o pintor russo foi se tratar em 1849-1850. A chegada de Karl Brullow para a Madeira não foi uma mera casualidade. Porque aquela ilha já então era famosa pelas suas estâncias balneares invernais e um clima ameno. A partir do Funchal, a cidade principal da ilha, se divisa nitidamente “o Forte do Pico”, construído no século XVI, uma vista que inspirou inúmeros pintores. Também Karl Brullow não podia faltar nesse rol de admiradores daquela velha fortificação. Não poupou cores brilhantes no esboço que ofereceu como presente ao seu médico Antônio Alves da Silva. Na biografia profissional do distinto retratista e pintor de cenas históricas, este é um exemplo quase único de interesse por uma paisagem natural.
Esta é a única paisagem “pura” até hoje conhecida de Karl Brullow, executada pelo artífice na técnica de pintura a óleo. O trabalho aparece numa tela de 65 por 67 centímetros. No quadro aparece a paisagem montanhosa da ilha da Madeira. O velho Forte do Pico erguesse sobre um fundo constituído por um relevo muito acidentado. O romântico motivo de iluminação dupla, com uma nuvem preta avançando para fechar um céu rosáceo do pôr-do-sol, é o que impressiona sobretudo nesse quadro feito numa tonalidade dourado-marrom e ginja-preto, caraterística de Karl Brullow.
Para adquirir o quadro e trazê-lo para Moscou, uma contribuição activa foi dada pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, especialmente pelo pessoal da Embaixada russa em Portugal. Segundo o chanceler russo Igor Ivanov, “O retorno de uma obra do grande pintor russo para a terra pátria é um acontecimento histórico único, uma grande alegria para nós todos”. - Penso que, além de constituir um acontecimento milenário para a Galeria Tretiakov, onde repousará esta obra-prima da pintura russa, isso reflete as tradições gerais agora em progressão na Rússia – acentuou Igor Ivanov. – O País vai se firmando seguramente, recuperando seu poderio, do qual a cultura faz parte. Estou certo de que isto é apenas o início de grandes acontecimentos que irão se operando na nossa vida cultural.
Essa paisagem desconhecida havia sido descoberta na colecção particular da Senhora Margarida Lemos Gomes por Ielena Bekhtíeva, do pessoal científico da Galeria Tretiakov, que estuda o período português da obra desse pintor. - Acaba de se realizar um sonho de minha vida – narra Ielena Bekhtíeva. Finalmente, o quadro de Karli Brullow “Uma Vista do Forte do Pico na Ilha da Madeira”, descoberto no verão de 2000 naquela longínqua ilha portuguesa, está na Galeria Tretiakov. Agradeço aos nossos restauradores que deram provas do seu alto profissionalismo para prolongar a vida dessa tela e comunicaram o colorido original à paisagem de Karl Brullow. Graças ao apoio prestado por muitas pessoas envolvidas no processo que cumulou com o retorno do quadro de Karl Brullow para a Rússia, o prolongado “assédio” do Forte do Pico, que levara três anos, terminou com a vitória – comenta, sorridente, Ielena Bekhtieva. – Sim, porque é não somente uma vitória das artes russas, é um triunfo da nossa diplomacia russa. Por quando nesse “assédio” não houve vencidos, tudo terminou pacificamente, tendo essa “batalha” servido unicamente para estreitar as relações de amizade entre a Rússia e Portugal. E também Dona Margarida, a última dona do quadro de Karl Brullow, que de início não queria vir ao nosso País, finalmente prometeu visitar a Galeria Tretiakov em Maio próximo para se convencer de que o seu nome está gravado nos documentos da nossa pinacoteca, conforme lhe fora prometido.
Uma vez concluídos os trabalhos de restauração, essa obra de Karl Brullow doravante terá um lugar permanente no acervo da Galeria Estatal Tretiakov para abrir ao público mais uma faceta da obra desse grande pintor russo.

Copyright © The Voice of Russia, 2004